A Márcia tem uma música que fala de um “alto desafio” e diz assim:
"Semeia o sol, colhe a tempestade
Quem paga pra ver?
Ninguém aposta no teu fracasso
Ninguém se abate se ele acontecer
Dizem que os bons não nascem por acaso
Tens tanto a fazer"
Correr 42 kms implica, claro, corpo e mente. O treino físico, não basta. O treino de reforço muscular não basta. Como não basta o ímpeto ou a simples motivação. É preciso a entrega total a esse desafio. Mais do que em que lugar se acaba (e quem corre sabe bem quantas vezes já respondeu à invariável pergunta: em que lugar ficaste?) importa o caminho. Sempre o caminho!
O nosso Bruno Gonçalves costuma dizer que mais difícil que correr a maratona é a preparação para a maratona e em Sevilha comprovei isso… Com uma lesão no joelho, a 1 mês e meio da maratona, quando faltavam os últimos grandes treinos, os longos, com o trabalho, os filhos e a falta de tempo para treinar, quis desistir. Foi essa a parte pior da maratona e foi nessa altura que o Bruno disse:
“- Hey! Ainda não te tinha dito? Agora já não dá para voltar atrás!”
Foi fisioterapia, gestão de esforço, treino específico para o reforço muscular na zona da lesão e até subir e descer escadas no prédio com as crianças, mas a par de tudo isso, o importante foi o clique. “Não dá para voltar atrás”.
Sobre a lesão, uma nota muito importante: alongamentos! Quando fizeres uma corrida longa, se estiveres com muita pressa, corta nos kms e não nos alongamentos. É meio caminho andado para evitar o famoso "joelho do corredor" que pode ser uma lesão bem chata, sobretudo se estiveres a preparar uma maratona e o repouso não for opção...
Terminamos como começámos, com a Márcia e o seu “Bom destino”:
“Foi p'lo sabor do seu caminho
Que ela acabou por se convencer
Que avançava mais indo mansinho
Que em passos altos a combater”
É isto. Corre como quiseres, mas entrega-te à viagem e... não te esqueças de alongar!
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